domingo, 9 de novembro de 2014

Luas de cá, luas de lá...



(sobre a beleza dos encontros, sobre a beleza do teatro capaz de transbordar fronteiras, tecer redes e teias lunares)

(por Camila)

Enquanto nós, do grupo Panacéia Delirante ensaiamos e gestamos 'Lua Cheia', a segunda fase do nosso ciclo Lunação, aqui em Salvador, lá na América Central 'Picadillo de Luna - Colectivo Experimental de Mujeres' apresenta seu segundo espetáculo, chamado 'Unipersonales Unidos'.

Entre a Bahia e a Costa Rica a ponte se chama Colectivo Âmbar: Jóvenes Artistas Escénicos y Promotores  LatinoAmericanos!

A lua cheia que veremos essa noite da costa atlântica do Brasil vai ser a mesma vista em San José?

No ano passado, alguns de nós, do Âmbar, nos encontramos no 'centro do mundo', em Quito, na casa do grupo Malayerba, para trabalhar sobre o Projeto Fronteiras, que agora reverbera nas latitudes ao norte e ao sul da imaginária linha...

Natália Durán, em San José, é parte do coletivo de mulheres Picadillo de Luna e apresenta uma das cenas originalmente escrita para a peça Fronteiras, agora em novas configurações. A mesma cena - mexida, editada, antropofagicamente devorada e reconfigurada - está compondo a dramaturgia da nossa Lua Cheia delirante...
 
Esse texto, que ganhou vida com a voz e o corpo de Nati, em Fronteiras, foi escrito por mim já faz é tempo, logo depois do segundo encontro do Colectivo Âmbar: sob influência do potente teatro do Grupo Yuyachkani, do Peru e com a finalidade de alimentar os delírios do Panacéia.

O texto foi escrito no início de 2011, no fim desse mesmo ano eu saí de outro grupo, o Toca de Teatro, pra ir morar na Costa Rica. O escrito ficou perdido num caderno, se fez verbo em outro contexto e agora retorna ao trabalho do grupo... De repente, parece que tantos fios soltos se encontram... E eu sei que se emaranham num desenho temporário, para depois seguir traçando outros rumos...

Ontem foi o dia da Lua Cheia de novembro e Mile, uma de nós, delirantes, tava lá em terras 'ticas', assistindo ao espetáculo lunar com sotaque hispânico. Eu, quase ao mesmo tempo, estava contemplando a lua sobre o pelourinho, celebrando com o Toca de Teatro, nossos amigos e companheiros de arte de longa data, o fechamento de mais um ciclo na trajetória do seu grupo, o retorno depois de longas viagens. Me emocionando com eles e, ao mesmo tempo, tecendo novos caminhos lunares...

Panacéia Delirante, Picadillo de Luna, Malayerba, Toca de Teatro, Yuyachkani, Colectivo Âmbar... Salvador, San José, Peru, Equador... São tantas as luas, tantos os céus... E entre eles vamos costurando redes, fiando caminhos entre saudades e planos, entre textos e obras, vontades, tropeços, encontros e despedidas...

E pra terminar: se já não fosse muita a sintonia, ainda calha que ‘Unipersonales Unidos’ é o segundo espetáculo do coletivo da Costa Rica, que Lua Cheia é a segunda fase do ciclo lunar do Panacéia e que o próximo encontro do povo Âmbar é no segundo FITLÂ, ano que vem!

E entre as voltas da lua, seguimos cantanto: feliz encontro, feliz despedida, feliz encontro outra vez...



Natália Durán Guier em cena em 'Unipersonales Unidos' (Costa Rica, 2014)

Natália Durán Guier e Milena Flick em cena em 'Fronteiras' (Equador, 2013)

Jane Santa Cruz durante mostra de processo para Lua Cheia (Salvador, 2014)

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